Ficha técnica
autor: Antonio Onetti
direção: Antonio Guedes
tradução: António Gonçalves
versão brasileira e dramaturgia: Fátima Saadi
diretora assistente: Mariana Oliveira
cenografia: Luiz Henrique Sá
figurinos: Mauro Leite
iluminação: Binho Schaefer
música original: Paula Leal
preparação corporal e coreografias: Clara Kutner e Eliane Carvalho
preparação vocal: Maíra Martins
captação de imagens: Paula Bahiana
fotografia e design gráfico: Luiz Henrique Sá
assessoria de imprensa: Luciana Medeiros
direção de produção: Antonio Guedes
produção executiva: Damiana Guimarães e Liliana Mont Serrat
assistente de produção: Pedro Cavalcante
assistente de cenografia: Marieta Spada
2007
A Rua do Inferno estreou no dia 2 de novembro de 2007, no Teatro Municipal Maria Clara Machado, Rio de Janeiro, terminando sua temporada no dia 23 de dezembro.
Sobre a peça
Com a montagem de A Rua do Inferno, de Antonio Onetti, o Teatro do Pequeno Gesto reiterou seu interesse pela dramaturgia contemporânea e por suas possibilidades de tensionamento entre a forma dramática e traços não-dramáticos que a ela se mesclam, abrindo um espaço de discussão a respeito da relação entre a tradição dramatúrgica e o momento presente.
A Rua do Inferno despertou-nos interesse pela fluência com que o autor trabalha sua estrutura narrativa, construindo um diálogo no qual o espectador é inserido como um interlocutor permanente, sem que, no entanto, rompa-se a armação ficcional. É como se os personagens pudessem se dirigir diretamente à platéia, sem que as atrizes transparecessem para além deles.
O caráter ficcional da estrutura foi reforçado pela não adaptação do texto ao contexto brasileiro. A ação se passa numa Sevilha cênica, que não reproduz a cidade espanhola, mas alude à sua existência, à sua Feira, cuja rua principal é, efetivamente, a Rua do Inferno, com seu burburinho, suas atrações e seus concursos de sevilhana, dançada aos pares e extremamente popular. O espaço é abstrato, múltiplo, e, mais do que revelar um lugar conhecido, serve às necessidades cênicas da trama. A música foi especialmente composta e mescla evocações espanholas a uma ressonância brasileira. O mesmo ocorre com o figurino, que alude ao traje festivo sem a preocupação da cor local. O conceito da luz procura acompanhar os diferentes graus de ficcionalização, indiciando que há um ponto de vista privilegiado, o de Juani, que funciona como prisma para a existência de Paqui e Toñi.
[…] No tocante à equipe técnica, Antônio Gonçalves assina boa tradução, sendo de ótimo nível o singelo, multicolorido e abstrato cenário de Luiz Henrique Sá. Mauro Leite responde por corretos figurinos, a mesma correção presente na iluminação de Binho Schaefer e na música original de Paula Leal.
"Lionel Fischer, crítico, Tribuna da Imprensa"